Flor Terapêutica: Camomila
A história da camomila no Brasil confunde-se com a história da imigração européia no país. Trazida pelas mãos de ucranianos, poloneses, alemães e italianos no final do século 19, a planta frágil e de aroma doce teve o poder de transformar as cidades por onde fincou raízes. Que o diga Mandirituba, município localizado a 45 quilômetros de Curitiba, no Paraná, conhecido como a capital brasileira da camomila.
No entanto, foi somente na década de 50 do século 20 que a planta começou a ser cultivada comercialmente. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura do Paraná, em 2002 foram produzidas 491 toneladas de camomila. O valor da produção ultrapassou 3 milhões de reais, ou seja, 21% do total do grupo de 48 especiarias que o estado produz, entre plantas aromáticas, medicinais e condimentares. Os cerca de 60 produtores de Mandirituba são responsáveis por quase 90% da produção de camomila do Paraná.
Em 1994, o engenheiro agrônomo Cirino Corrêa Júnior, da Emater-PR, concluiu na Unesp de Jaboticabal uma pesquisa na qual selecionou as melhores camomilas de Mandirituba. O resultado foi a caracterização de uma nova variedade, batizada com o nome da cidade. O estudo constatou que o teor de óleo essencial da planta mandiritubense, que contém o princípio ativo da planta, é de 0,86%, acima da média mundial, que é de 0,70%.
Cosmética
Das 120 substâncias extraídas do óleo, duas têm importância econômica. O chamazuleno, utilizado pela indústria de cosméticos, e o alfa-bisabolol, presente na indústria farmacêutica. Popularmente, a planta é usada contra problemas digestivos, gases intestinais, ataque de vermes, gastrites, insônias, reumatismo, dores musculares e como calmante.
Para plantar camomila, o cuidado a ser tomado é com o solo, que não precisa ser muito fértil, mas recomenda-se que não seja muito argiloso e encharcado. Apesar de a planta ser resistente a pragas e doenças, a área plantada não deve ficar infestada por ervas daninhas, que prejudicam seu crescimento.
Os meses ideais para o plantio são maio e junho, época em que os termômetros nas regiões de clima temperado marcam temperaturas abaixo de 15 graus centígrados e que o solo está úmido após as chuvas de verão. A camomila suporta geadas no período vegetativo, mas não agüenta clima quente.
Outro fator importante é que a camomila precisa de luz para se desenvolver. Por isso, não se pode enterrar a semente, que deve ser lançada sobre o terreno. Por ser muito pequena, recomenda-se misturá-la com fubá para que a semeadura seja uniforme. Um rolo de superfície lisa deve ser passado sobre o terreno, fazendo com que a semente se junte ao solo sem precisar ser enterrada.
É aconselhável que a camomila seja plantada junto com outras culturas, pois isso quebra o ciclo de pragas e doenças. Além disso, por ser utilizada pela indústria farmacêutica e alimentícia, é recomendado o cultivo orgânico. O produtor deve atentar para o ponto ideal de colheita, quando as pétalas brancas da planta estão na horizontal. Passado esse estágio, a camomila começa a perder óleo. Segundo Cirino, outro cuidado que se deve observar é com relação à temperatura de secagem da flor, que deve estar entre 38 e 40 graus centígrados.
O custo da plantação pode chegar a 1.200 reais por hectare, e o retorno do investimento se dá em três anos. Além desse valor, o produtor pode gastar ainda 50 mil reais para comprar o secador e ter uma unidade de beneficiamento. O rendimento por hectare varia de 400 a 600 quilos. O quilo da flor seca é vendido, em média, a 7 reais.
Planta nasce espontaneamente junto a estradas e campos desertos
• NOME CIENTÍFICO Chamomilla recutita (L.) Rauschert.
• NOMES POPULARES Comumente chamada de camomila, essa planta é também conhecida por camomila-comum, camomila vulgar, camomila-dos-alemães, matricária, macela e maçanilha. Esse último nome vem do espanhol manzanilla, que quer dizer pequena maçã. Isso porque a origem da palavra camomila vem do grego antigo e significa maçã-da-terra, pois o seu aroma lembra o do fruto.
• CLASSIFICAÇÃO Planta pertencente à família das compostas (Asteraceae), a mesma do girassol, da margarida, da alface e da alcachofra. Uma outra espécie de camomila é a romana, cientificamente denominada por Anthemis nobilis.
• DISTRIBUIÇÃO É nativa dos campos da Europa Central, facilmente encontrada nos países de clima temperado. No Brasil, há plantações no Sul do país, principalmente no Paraná, o maior produtor brasileiro de camomila. A planta nasce espontaneamente junto às estradas, campos desertos e zonas agrícolas.
• CARACTERÍSTICAS A camomila é uma planta herbácea, anual e aromática. Pode chegar a 70 centímetros de altura. Possui um caule ereto, folhas estreitas e bastante divididas em segmentos finos e numerosos. Minúsculas flores amarelas agrupam-se, formando uma inflorescência central. Flores brancas de pétalas longas ficam ao redor dessa estrutura, fazendo com que a planta se pareça com uma margarida. Apresenta florescimento contínuo, o que exige, em média, uma colheita a cada dez dias.
Fontes: Lúcia Rossi, pesquisadora científica do Instituto de Botânica de São Paulo e Cirino Corrêa Júnior, engenheiro agrônomo da Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater-Paraná.
Bibliografia: Plantas Medicinais no Brasil - Nativas e Exóticas, Harri Lorenzi e F.J. Abreu Matos, Instituto Plantarum; Plantas que Curam, Sylvio Panizza, Ibrasa.
Erva Cidreira ou Melissa
Popularmente conhecida como erva-cidreira, é uma planta medicinal com várias substâncias benéficas à saúde humana .
A melissa (Melissa officinalis) é uma espécie aromática de origem européia e largo emprego medicinal nos quatro cantos do planeta. Ela se espalhou pelo mundo devido principalmente a suas qualidades funcionais. Suas propriedades fitoterápicas são conhecidas desde a Grécia Antiga, onde era cultivada em praças e jardins privados - entre outras coisas, os gregos atribuíam a ela a capacidade de fortalecer o coração e o cérebro. No Brasil, a melissa é afamada como antiespasmódico e calmante - a infusão do chá de suas folhas ajuda a conciliar o sono, reduzir a ansiedade e a tensão nervosa. No entanto, a população também a usa para aliviar gases, cólicas e enxaquecas. Na culinária, seu sabor é apreciado no preparo de pratos doces, como sorvetes, e de temperos para receitas com aves e frutos do mar. Por ser usada tanto como alimento quanto produto medicinal, a melissa conta com uma boa demanda no mercado varejista. De porte arbustivo, com altura que pode chegar a 80 centímetros, a melissa possui folhas grandes e ovais, com bordas picotadas, de cor verde intensa na parte superior e verde-claro na inferior. É toda recoberta por uma lanugem, e suas folhas se apresentam no formato de um cálice tuboso. A planta exala um perfume cítrico, parecido com o do limão, motivo pelo qual muitas vezes é confundida com ervas distintas. É importante identificá-la corretamente, especialmente quando o objetivo é usá-la como remédio - nunca tome gato por lebre. Com muita frequência, outras espécies vegetais com aparência aproximada e semelhante odor característico são chamadas genericamente de erva-cidreira, nome pelo qual é mais conhecida.
O cultivo de melissa tem bom desenvolvimento em locais com clima temperado e subtropical, porém, a planta não tolera temperaturas muito elevadas nem muito frias. O excesso de sol forte e a falta de água provocam uma aparência de queimado nas bordas das folhas. Embora sem registros aqui, o florescimento da melissa ocorre no fim do verão, com o aparecimento de flores pequenas nas colorações branca, rosa e amarela.
Fonte: Revista Globo Rural